Culpo somente a mim mesma por ter escolhido as ruas, e
errado suas entradas.
A voz em minha mente me disse “suba a rua”, eu apenas
respondi que não tinha saída, estava presa na minha vida, minha própria
consciência me contrariando em meio a todos os planos que faziam para mim, mas
estes não eram de minha vontade.
Você está de volta onde tudo começou. Suba a rua – Ela
repetiu.
Qual rua? – Perguntava-me confusa. Estou no meio de um
cruzamento os carros ultrapassam em alta velocidade sem respeitar o sinal,
atravesso de um lado para o outro sem olhar.
Você esta parada na calçada onde seus passos já foram mais
bem percorridos, agora você apenas rasteja até seu destino final, mas ele nunca
chega. Seus pensamentos ainda são os mesmos de três meses atrás? A verdade é que por mais que as mudanças
tenham te afetado, você nunca se quer conseguiu sair de lá. Um dia
simplesmente, você estava de volta com tudo em sua volta desmoronando, você a
deu uma chance e o que ela fez? Em menos de uma semana te mostrou que pra você
isso nunca vai mudar.
Essas são suas obrigações, essas são suas preocupações, isso
é o que você deve ser, é só o que eles têm a dizer. São ditadas as regras e
você as cumpre. Lembra-se de quando ensinou a sua cachorra alguns truques?
Qual o sentido disso tudo, então... Desça até o porão, pegue
as tralhas, junte todas elas. Vá até o armário pegue o álcool e uma caixa de
fósforos. Não é que você aprende mais rápido que sua cachorra? E nem se quer
precisei lhe dar algum agrado, está tão inconformada que busca por qualquer
solução rápida.
Continua a fazer o que lhe é mandado com um olhar sádico, mas
sem expressar nenhuma emoção, nenhuma reação á o que é lhe imposto.
Você consegue respirar, então ainda está viva. Mesmo com a
mão que aperta seu pescoço te sufocando lentamente, você sente que vai
desmaiar, a mão te solta. Guarde um fósforo para isso também.
As coisas em sua mente são memórias reais, as vozes que te
perturbam durante a noite, que te perturbavam há oito anos, enquanto você
forçava seus olhos implorando o sono e é o que você continua a fazer, quem dera
antes ter escapatória.
Está tudo escrito à caneta, a borracha não é capaz de
apagar, o corretivo ainda deixa a mostra traços do que foi escrito, você não
consegue escrever nada melhor em cima disto, sua caneta falha. A caneta que
falha, erra todos os dias.
Faça uma trilha até seu colchão com o álcool esparramando
entre as mãos, jogue o que sobrou sobre ele e então deite-se naquela mesma cama,
onde teve seus piores pesadelos, os vivenciou; acenda um fósforo para cada
decepção e taque ao chão. Só assim conseguirá se livrar das armadilhas que te
prendem. Está tudo em sua mente, não tem como ser apagado, sem lhe apagar
junto.